O Ateliê de História Oral é uma das ações desenvolvidas pelo Centro de Memória Urbana, responsável pela reunião, produção, custódia, organização, preservação, disponibilização pública e difusão de conjuntos documentais dos mais variados gêneros e proveniências, constituindo acervos e problematizando suas múltiplas significações sociais, culturais, ideológicas, políticas.

No âmbito do CMUrb, o Ateliê de História Oral cumpre, especificamente, a missão de contribuir para a formação de seu acervo, como o projeto que, valendo-se da consagrada metodologia da história oral, realiza entrevistas gravadas com pessoas capazes de oferecer testemunhos sobre acontecimentos, modos de vida, hábitos culturais, relevantes para as linhas de acervo do centro de memória. 

Assim, atua de maneira propositiva na constituição de fontes a serem utilizadas por pesquisadores, estudantes, professores e profissionais, com as mais diversas finalidades. 

A história oral - de um ponto de vista teórico, metodológico e técnico -  e a história pública - abordagem que consiste na premissa do projeto e desdobra-se em diferentes opções metodológicas e procedimentais - são as opções preferenciais do Ateliê de História Oral, orientando seu desenho metodológico, que visa constituir um projeto sistemático de pesquisa sobre a memória oral da Zona Leste de São Paulo. Dentre os referenciais teóricos importantes para o projeto, cabe citar: Lucília de Almeida Neves, no que tange à relação entre memória e tempo (2006); Michael Frisch (1990), no que diz respeito aos conflitos entre a lembrança privada e a apresentação pública da história, na perspectiva da história pública; Ronald Grele (1991), em seu entendimento da história oral como um diálogo cultural amplo; Alessandro Portelli (1993, 1996, 2001, 2004, 2010), em sua perspectiva narratológica sobre a história oral. Também lançaremos mão de estudiosos do campo dos estudos da memória, que vão de Maurice Halbwachs (1990), que trata da memória coletiva e dos quadros sociais da memória, e Michael Pollak (1989, 1992), a abordagens mais recentes que deem conta da multiplicidade de facetas da memória: sua dimensão pública (Hamilton & Shopes, 2008); cultural e comunicativa (Assman, 2011); emocional, política e polissêmica (Passerini, 2003, 2011). É importante destacar que estes autores não representam um conjunto fechado de referências teóricas, mas tão-somente um pequeno apoio para a abertura do debate e aprofundamento do Ateliê de História Oral

O Ateliê de História Oral realizará a gravação de entrevistas com a finalidade de produzir fontes históricas, para uso público. Os procedimentos metodológicos mobilizados no trabalho de história oral serão aqueles já amplamente descritos em literatura da área (dentre inúmeros outros: Alberti, 2004a, 2004b, 2005; Demartini, 1999; Thompson, 1992; Thompson, 2007). Cabe sinalizar que o trabalho com história oral não pressupõe apenas a gravação das entrevistas, mas um conjunto de etapas, a saber: seleção dos entrevistados; contato inicial; pré-entrevista; pesquisa inicial (documental, bibliográfica e digital); agendamento; planejamento e elaboração da pauta; execução com gravação eletrônica, em áudio e/ou vídeo; agradecimento; registro das condições de entrevista; transcrição; conferência de fidelidade; edição; elaboração de resumo; solicitação de autorização para uso / carta de cessão; arquivamento.